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Sobre o inevitável fim



Leia ao som Agora eu quero ir, Anavitória

“Agora eu quero ir pra me reconhecer de volta, pra me reaprender e me apreender de novo. Quero não desmanchar com teu sorriso bobo. Quero me refazer longe de você.”


Deveria ter deixado claro que aquele último encontro foi nossa despedida. Sei que deixei no ar o “um dia eu volto”, mas é que não pretendo chorar de novo. Quando fechei a porta, eu sabia que não voltaria mais. Perdi as contas de quantas vezes chorei até amanhecer, de quantas vezes precisei esconder a amargura atrás da maquiagem. Nossa história nasceu com data de validade curta, e por mais que soubéssemos disso, pulamos etapas, cansamos nossos corpos e desgastamos a alma um do outro, agora é hora de seguirmos em frente. Não sei ao certo o que isso significa pra você, mas espero que se encontre antes de pousar novamente seus olhos em alguém. Seja para você o que foi para mim: a certeza da alegria e a leveza dos momentos de um relógio parado no tempo. Questione-se. Busque entender o que você pode fazer por você, sem mascarar a dor com um falso otimismo. Eu não quero me pegar novamente tentando decifrar os enigmas de um olhar perdido. Não quero me abrigar nos braços de um peregrino.

Eu sei. Vamos sentir falta um do outro. Tínhamos o nosso ritmo, nossa química e uma história que não vai se repetir. Os diálogos eram intensos, na medida exata da rebeldia e provocação. Mas essa falta vai sarar. Com o tempo vamos nos esquecer. Não somos mais do que fomos. Não ocupamos nenhum lugar permanente em nossas histórias. Fomos o analgésico para uma vida de dores ignoradas. Acostumamos nossos corpos ao toque um do outro, mas daqui a um tempo seremos passado, tudo será razoável e iremos trilhar novos caminhos. Essa distancia que hoje nos consome um bocado, logo não será mais inimiga. Não é o tempo o responsável por curar todas as coisas?

Queria ter tido coragem para lhe dizer que não voltaria mais, queria ter tido coragem para lhe abraçar mais uma vez, me despedir desse seu sorriso bobo, mas depois de tantas brigas e mensagens na caixa postal, achei mais sensato simplesmente sair.

Para evitar qualquer amargura, logo o calendário vai mudar e não seremos mais que do que uma página virada de um passado bom.

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