Ao som de Love me tender, Norah Jones
Depois de reler o texto Estratigrafia, escrito por um amigo que estava inspirado por conversas com seu passado, fiquei pensando, analisando histórias e históricos, e sejamos francos: você se tornou o tipo de pessoa inesquecível ou que é facilmente apagada da memória, assim como viramos a primeira página no calendário? Pergunto isso porque eu nunca fui o tipo de pessoa por quem alguém deixa de fumar, para de beber, briga com a família, dirige quilômetros e mais quilômetros só para ficar um tempinho juntos. Nunca fui o motivo do texto ou da canção de alguém. Sempre fui a amiga, conselheira, aquela a quem o ombro nunca faltou. Com toda intensidade que me é peculiar, vivi momentos em que deixaria tudo por aquela pessoa, mesmo que fosse para viver o tempo que durou. Sempre tive a coragem (ou loucura) necessária para viver mais do que o que estava nas linhas dos escritos comuns.
Escrever me permite mostrar ao mundo o quanto as pessoas me atingem, alcançam, me emocionam. Mostro através do blog e dos textos não publicados, o que sinto, penso, desejo. Acredito que ao escrever para e sobre aquela pessoa, mostro que ela não é apenas protagonista em sua vida, mas também em minha história. Meses atrás, uma pessoa se identificou tanto com o que eu publiquei, que me ligou depois de muito tempo sem termos contato. No texto, eu não falava dele, mas ele se encontrou naquelas palavras, e achou que era o momento de ligar para dizer que ao longo de sua história de vida, fui a única mulher que o fez sentir querido, amado e verdadeiramente desejado. Putz, para mim foi tão difícil de acreditar nisso quanto no gol que o Deivid perdeu contra o Vasco. Nunca vivemos a história que escrevemos, mas foi através da voz dele que eu aprendi o que é paixão, e por conta dela estive entre céu e inferno por meses seguidos. Aceitava mentiras e me conformava com as migalhas, mas acreditava que poderia enfim, ser a mulher pela qual alguém lutaria. Com o passar do tempo a gente muda, na verdade, a gente entende quem realmente é ... Aceitei que não sou o tipo de mulher por quem alguém faz loucuras, luta, compõe canções de amor e ódio. Serei sempre aquela que faz coro com a Marrom “Faz uma loucura por mim. Sai gritando por aí bebendo e chora. Toma um porre, picha um muro que me adora. Faz uma loucura por mim. Fica até de madrugada, perde a hora.”
Exageros à parte, no fim das contas, o que você quer realmente é ser personagem na história de alguém. Quer ver seus defeitos amenizados no português bonito de um rascunho; enxergar suas virtudes pela ótica alheia, se possível com um pouco de bossa e uma boa trilha sonora. O que você quer, é perceber que sua existência não foi em vão, pois suas atitudes e gestos marcaram, influenciaram, significaram bem mais do que o comum. Enfim, quer que sua vida tenha sido extraordinária, pelo menos para uma única pessoa!