sexta-feira, 29 de maio de 2015

Peito aberto

Ao som de Changes


Nem sempre é fácil se recuperar de algumas dores. A cura não vem no abraço, numa conversa honesta e sem barreiras, na oração sofrida e nem com o simples decurso do tempo. Não importa quantas sessões de terapia você faça ou quantas noites perca o sono, o alívio simplesmente não te encontra. Existem mágoas que nos alcançam tão profundamente que são capazes de tocar a essência do que somos.

Há alguns anos uma raiz de amargura encontrou meu coração e nele fez morada. Cultivei essa dor achando que era o melhor a fazer, assim me protegeria de novas decepções. Quanto engano! Quantas barreiras criei tentando me proteger, quando na verdade estava prologando uma dor que não precisava sangrar mais do que já havia sangrado.

A vida é para ser encarada de peito aberto, minha gente. E é assim que eu preciso viver. É só assim que se vive. Quando escondi minhas cores, meu sorriso, apenas sobrevivia. Vou caminhando sem tanta pressa, mas agora com alguma direção. Tenho tomado diariamente doses homeopáticas de fé - em Deus, em mim e nas pessoas (uma de cada vez), e de esperança, pois hei de me encontrar novamente. Neste momento desfruto apenas da paz vinda do alívio. Paz que me permiti experimentar. Paz para seguir em frente. Paz para abrir mão de algo. Paz para fazer escolhas e principalmente, paz para viver quem sou, apesar de tudo que me aconteceu. 

domingo, 24 de maio de 2015

Eu não moro mais em mim...

Para ler ao som de Metade, Adriana Calcanhoto

Já faz um tempo que eu não escrevo como antes. Antigamente me entregava sem reservas as ideias, escrevia sem pudores, abria espaço para o meu eu-lírico e as palavras simplesmente seguiam seu curso natural. Existe uma face da minha alma, aquele lado B que eu procuro manter sob controle, que parece ter deixado a minha escrita mais pesada, menos intensa, menos eu. Ataques de pânico, crises de ansiedade e, incrivelmente as ideias se tornaram pesadas. Antigamente permitia que as palavras chegassem a mim calmamente enquanto tomava meu café da manhã ou mesmo em uma conversa despretensiosa. Hoje elas tentam flertar comigo enquanto estudo ou faço um novo relatório, quando isso acontece, faço todo o possível para que se calem. Se é inevitável rascunhar, corro para o papel ou para frente do notebook a espera que volte a ser como antes, fico horas escrevendo e apagando, mexendo até que tudo que eu escrevi vá parar na lixeira.
É preciso voltar a caminhar, voltar a escrever sem medo, me reencontrar e permitir ser leve outra vez. Como? Como? C-O-M-O ? Isso simplesmente me tortura! Por mais que eu consiga entender que a vida está em escala Pantone, em alguns momentos ainda sinto falta do “preto e branco”. Ainda busco algumas respostas-com-Rivotril (aquelas com efeito calmante), ainda permito que as dúvidas me façam companhia até o nascer do sol.

A minha vida segue confusa, mas o pior já passou. Mudei muito, é verdade. Mudei a forma de me ver, a forma de me relacionar com as pessoas, meus números de telefone e o hábito de abraçar. Não é fácil ser forte sem endurecer. Endureci. Não foi fácil levantar após tantos tombos. Sim, me perdi, mas ainda quero voltar a me reencontrar em cada texto. Quero visitar as palavras e me encontrar nas sentenças. Quero voltar apenas a me construir e quem sabe, me aventurar a sonhar novamente com a escrita...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Todo mundo tem um lado B



"São as nossas dores que definem nossas transformações..."

Ao som de Eu espero, Luiza Possi

As luzes das estrelas viajam anos para que possamos enxergá-las na Terra. O que você vê de uma pessoa hoje reflete seu passado, suas escolhas, suas dores, transformações, saudades, conquistas... Há quem esconda e quem simplesmente ignore o reflexo (ou seria peso?) do passado. Acredito que a maior parte das pessoas simplesmente deixa no lado B da alma tudo aquilo que lhe causa dores, angustias, preocupações, desentendimentos...

Ainda que tenha demorado o tempo de uma estrela, entendemos o quanto algumas dores nos transformaram no que somos hoje...








domingo, 17 de maio de 2015

Leveza


Ao som de All of me, Billie Holiday

Algumas pessoas são tão leves que desconfio que sejam feitas de nuvens (ou de algodão doce). São suaves, brisa do mar, abrigo. Tem as almas tão leves que quando sorriem, fazem cócegas em nossa alma. São raras, edições limitadas. Poesia em forma de gente. Gente com cor de alegria e céu azul.
Gente que me faz sorrir, gente que chega e que pode ficar...


sábado, 16 de maio de 2015

Sobre sorrisos e temperos



“E se te faz tão bem, se tira do seu rosto a tristeza, 
por que você quer aprender a viver sem ele?”



Lily tem um coração marcado por dores tão grandes que nos faz questionar quanto um coração pode suportar. Mas, bravamente ela continua a flutuar sobre as dores. Tornou-se o que melhor poderia ser, ainda que se veja perdida. Talvez seja este meu jeito meio maternal que tenha me permitido enxergar nela a doçura de uma menina (brava, decidida, teimosa, mas ainda uma menina).

Sabe Lily, o que eu não lhe falei em nosso encontro foi que percebi algumas perdas em você. Você perdeu algumas ilusões, alguns vazios e principalmente, a tristeza que simplesmente achou que poderia morar em seu peito. Sei da existência de uma enorme lista de prós e contras (ainda que não tenha mencionado), mas o que também não lhe falei, é que alguns sentimentos existem apenas para um determinado momento de nossas vidas. Essa transformação que está acontecendo lenta e progressivamente tem um único objetivo: temperar a vida, torná-la pulsante, intensa, real e em carne viva.

Viva este momento sem aperto no peito. Apenas viva. Da forma que puder. Da forma que quiser. Não finja que não se importa, que não sente vontade, não abandone as palavras quando precisar tanto delas (ou de um abraço). Seja forte, mas suave. Seja dona, mas não sinta-se aprisionada. Permita-se apenas ao riso, sem indagações ou planos para o futuro, ainda que ele aconteça nos próximos dez minutos. Permita que apazigue seu coração e se isso lhe assombrar, lembre-se que sua companhia transborda alegria quando estão juntos. 



Sobre influência e relevância

Ao som de King of my heart , Bethel Music. Quando me propus a trabalhar novamente com comunicação sabia que estava retornando para uma área ...