sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sobre não criar expectativas




“Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.” Tati Bernardi


Ao som de Que nem maré - Jorge Vercilo


Desde que me entendo por gente com sentimentos, sempre gostei de homens bem mais velhos (Freud explica). Nunca me senti atraída por músculos e “pô, gatinha, qual é a boa?” Inteligência, bom humor e alguns cabelos brancos sempre me chamaram atenção. Com o Sr.H.H.¹ não foi diferente. Fazíamos parte do mesmo grupo de estudo e sua impulsividade e senso de humor aguçado me chamaram atenção. Apesar de ser mais experiente que eu, parecia um menino. Eu jamais havia encontrado olhos mais sinceros e sorriso mais fácil. Tornei-me uma espécie de rêmora sentimental depois que ele se apaixonou por minha melhor amiga, já que ele parecia curtir mulheres mais experientes. Alimentava minha paixão com migalhas de atenção. Estávamos sempre juntos, sempre os três. Fui álibi, desculpa, mas nunca o motivo dos encontros. Foram meses desta maneira. Um dia o romance entre eles acabou, as amizades foram interrompidas pela distância, e a vida seguiu para todos nós. Perdemos o contato e fizemos nossas próprias histórias.
Meses atrás, enquanto passeava entre as gôndolas de um grande supermercado, nos reencontramos. O tempo continuou sendo generoso com ele (ô...), mas o sorriso mudou, perdeu alegria. Trocamos algumas palavras, gestos educados, e uma imensa sensação de desconforto. Esta semana recebi um e-mail dele (sim, meu e-mail é o mesmo desde que a internet passou a fazer parte da minha vida) dizendo que agora que está vendo os 40 com outros olhos, sua reflexão habitual de fim de ano mudou um pouco, dedica-se a corrigir os erros do passado, ao invés de só tentar acertar no ano seguinte. Em meio a estas reflexões, acabou lembrando nosso rápido encontro e me fez a seguinte pergunta: “e se tivesse sido você, a grande paixão da minha vida, ao invés dela?” A resposta foi simples e direta: “eu teria percebido logo a verdade sobre grandes paixões – elas acabam e deixam grandes feridas. Maiores que os sentimentos, eram as expectativas criadas, e dor seria inevitável no fim.” Não recebi nenhuma resposta e acredito que não virá. Provavelmente ele esperava que eu dissesse que teríamos sido ‘felizes para sempre’, mas já tem um tempinho que eu não acredito nessa história, rs.
Pois é, aprendi com o passar do tempo muitas lições, entre elas, não criar expectativas sobre as pessoas ou sentimentos (esse ano eu tive uma espécie de “reforço positivo” sobre esta lição). Parece melancólico demais para ser publicado no blog numa data em que todos estão renovando suas esperanças para o próximo ano, refletindo sobre o que se passou, mas esta é uma de minhas metas para 2011: acabar, definitivamente, com as expectativas que crio sobre as pessoas, me preservar mais e me decepcionar menos.
Que amanhã possamos modificar nossas histórias, colocar em prática o que aprendemos com os erros cometidos ou observados, caso contrário, terá sido em vão tanta reflexão sobre o ano que está indo embora!
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1 - Referência ao professor Humbert Humbert, personagem do livro Lolita.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O que faz você feliz?

Ao som de Gonzaguinha - O que é, o que é


Estava deitada, pronta para dormir, começando a fase de desligar motores, quando o comercial do Pão de Açúcar invadiu meu quarto e dominou minha mente. Não conseguia pensar em mais nada. Isso é tão clichê que virou tema de comercial de supermercado, tornou-se assunto deste post e de várias conversas ao longo do dia. O que nos faz feliz ? Fomos esquecendo com o passar dos dias, e um comercial de 60 segundos precisou nos lembrar.
Minha felicidade não é vendida no Pão de Açúcar nem em qualquer outro supermercado. Aliás, vejo minha felicidade, aquela de sorriso aberto, no abraço carinhoso no meio da noite, no carinho de mãe, na companhia dos irmãos, na gargalhada sincera das sobrinhas. Minha felicidade está em tudo o que sou, nas pessoas que são importantes para mim. Está nas pequenas coisas, como tomar sorvete numa noite quente, rir até sentir dor na barriga com os amigos, assistir a um filme e ficar de chamego no sofá, jantar fora num fim de semana de verão, tomar chocolate quente no inverno, viajar, ouvir histórias, dançar na chuva, ler um livro, levar a cadela para passear ...
Todas estas coisas são simples, intangíveis e insubstituíveis. São momentos que muitos só irão valorizar no dia em que não puderem mais aproveitá-los. Recentemente um conhecido sofreu acidente de carro em que ficou 15 dias hospitalizado. Depois disso, resolveu viver de forma diferente: menos trabalho e mais família. Anos atrás, uma pessoa da família começou sua batalha contra um tumor no estômago, mas percebeu que era tarde demais para muitas coisas: filhos crescidos e muito tempo perdido dentro de uma loja que acabou falindo.  Em junho um grande amigo descobriu que está com tumor cerebral. Maior que a dor da doença e as limitações que ela traz, é a dor em saber que perdeu muito tempo ganhando a vida, mas acabou deixando de vivê-la.
Levo a sério essa história de levar as coisas com leveza. Claro que eu piro em muitos momentos, me estresso, grito, bato portas, mas procuro não guardar mágoas e dores. Não me permito dias de tristeza excessiva. Não me permito muitos dias de mau humor. A vida está passando depressa demais para eu deixar de cantar/dançar Sidney Magal, ou me preocupar se não sou unanimidade entre as pessoas a minha volta. A vida acontece enquanto você está aí lendo este texto. (Puxa vida, escrever me faz feliz demais e espero que ler minhas teorias e teoremas também lhe faça.)
Estou longe do “padrão Globo de ser”, aliás, eu não me enquadro em nenhum padrão, e não poderia dizer o que irá te fazer feliz, mas sei o que me faz, ainda que não faça a mais ninguém. Sou única, sou humana em falhas e acertos, e há quem diga que este seja o segredo da felicidade.
Como já disse o Gonzaguinha certa vez: “Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder, ou quiser... Sempre desejada por mais que esteja errada ninguém quer a morte, só saúde e sorte...”  Você aí, caro leitor amigo ou desconhecido,  você é muito especial e totalmente único. Você merece ser feliz, como der, puder ou quiser. “Nós podemos tudo, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será.” (Gonzaguinha again).
Seja feliz. Não leve tão a sério a opinião dos outros. Suspire, viva. Perca o fôlego, expire, inspire. Arrisque. Corra, grite, pule, sorria, chore. E lembre-se: da vida a gente não leva nada, só mesmo o que viveu. Então viva tudo o que você quiser viver, “não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo que há pra viver....”. Não invente desculpas, não adie a sua felicidade. Não deixe para amanhã, não deixe para o próximo ano, para depois de...
Seja sempre muito feliz, se for possível, com um sorriso digno de comercial de pasta de dentes.



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mulher que escreve



"Mulheres que escrevem são boas de contar histórias, mas se cochilarmos podem fazer-nos ver trilhos aonde não tem! Ou vice versa! Mulheres que escrevem são um perigo!"
Marcelino Rodriguez

Sobre influência e relevância

Ao som de King of my heart , Bethel Music. Quando me propus a trabalhar novamente com comunicação sabia que estava retornando para uma área ...