Falta de educação me irrita profundamente. Ninguém precisa ter nível superior para entender o valor das palavrinhas mágicas (por favor, com licença, obrigada, me desculpe, etc) que os pais nos ensinam antes mesmo de recebermos o primeiro diploma (o da alfabetização). Saber o poder da gentileza é um primor, e evitar ser inconveniente é uma arte que anda em extinção nos dias de hoje.
Acordo muito cedo para ir trabalhar e todo mundo que acompanha meu blog sabe disso. O que muitos não sabem é que mesmo sendo cedo, os ônibus estão lotados e não são poucas as vezes em que é possível ouvir alguém com seu rádio-dos-infernos ligado em volume ensurdecedor e desagradável. Parece que quanto melhor a aparelhagem de som (seja celular ou rádio em carros) pior é o gosto musical. Depois que inventaram essas caixinhas de som portáteis para Ipod, ficou ainda pior. Antes das 5:30h e já sou obrigada a ouvir “o jeito é dar uma fugidinha com você”. Tenho o direito de escolher o que quero ouvir, assim como o sujeito também tem o direito de ouvir o que quer, então porque o infeliz não pode ouvir sozinho? Por que o direito dele sempre interrompe o meu direito ao silêncio?
Educação nada tem a ver com a quantidade de diplomas conquistou, ou mesmo quanto dinheiro se tem na conta, tem a ver com decidir a todo instante ser alguém melhor e mais agradável. Tem gente que gosta de ser desagradável e inconveniente. Por que? Porque essa é a única forma de ter atenção. Posso não saber todas as regras de etiqueta, cometer gafes ao jantar em restaurantes caros, mas mamãe me ensinou muito bem as regras básicas de convivência: não fale alto nunca, principalmente se pessoas estiverem dormindo ou estudando; leve a mão a boca quando for bocejar; quando visitar recém-nascidos, não peça para segurá-los (eles não têm todos os anticorpos necessários); não assue o nariz em público; ceda o lugar para pessoas mais velhas, grávidas; deficientes onde quer que você esteja e tantas outras mais. São regras tão importantes e necessárias quanto lavar as mãos antes e depois de ir ao banheiro, escovar os dentes após as refeições, e etc... Não tem como dissociá-las de nosso cotidiano.
Me preocupa imaginar o mundo que meus filhos e netos encontrarão - um mundo cercado de pessoas voluntariosas e mal educadas, em que seus umbigos são mais importantes que seus cérebros. Parece-me que "gentileza gera gentileza" virou apenas uma frase de efeito que enfeita camisas...