Você pode ler ao som de Eduardo e
Mônica
A mulher de seus sonhos se parece com a Penélope
Cruz e o príncipe encantado dela sempre foi o Denzel Washington, mas eles sabem que a vida real é bem melhor que os delírios da
imaginação.
Ele se prende a números, ela a felicidade de cada
momento. Ela se preocupa com os vizinhos, ele ignora a existência deles. Ela
pensa no que é para sempre, ele somente no “eterno enquanto dura”. Ele gosta de
abacaxi, mas não esquece que ela é alérgica.
Ele adora sertanejo e não gosta de MPB, mas quando
viajam juntos, escutam Djavan. Ela adora a cidade, o barulho, lojas de
departamento, teatro, cinema e chopp com os amigos toda sexta-feira; ele
prefere o silencio, a calmaria (que ela chama de pasmaceira) e segurança do
interior. Ela pensa em filhos aos 35 e inventa teorias sobre como criá-los; ele
é categórico em dizer que não existe teoria que substitua a prática. Ele sabe
exatamente aonde quer chegar com sua carreira enquanto ela pensa em viver pela
paixão por sua profissão. Ela agitada, sempre falante e fazendo graça. Ele
sério, concentrado e organizado. Ela chega e bagunça a mesa procurando algo que
não está lá. Ele adora acordar tarde aos domingos, ela levanta cedo e faz
barulho tentando manter silencio. Ele gosta quando ela veste rosa, ela prefere
o azul. Ela gosta dele quando deixa a barba por fazer, ele faz a barba todas as
manhãs. Ele nunca quebrou um copo sequer, ela quebra pelo menos um por semana.
Ele berra que a ama, ela prefere nem dizer. Ela
quis saltar de parapente, mas teve medo. Ele não queria e saltou. Ela é
temperamental, ele temperado.
Ele ri porque não consegue mudá-la, foi esse jeito
de menina que trouxe alegria aos seus dias. Ela admira o seu olhar sério e
independente. Ela os dias, ele as noites. Ele se dedica a conquistá-la todos os
dias, seja com um telefonema às duas da tarde, bilhete no espelho, uma flor na
bandeja do café da manhã ou indo buscá-la na faculdade. Ela alimenta essa
paixão com seus olhares, sua voz macia e os carinhos constantes.
Eles adoram cachorros e ler juntos. Trocaram
manuais de instruções e juras de amor. Compram uvas e flores todos os sábados.
Desde o primeiro momento decidiram que
não seriam almas gêmeas, seriam almas que se aceitam, se encaixam, se
completam.
Eu desisti de encontrar a lógica que os uniu, o que
fez com que dois extremos se encontrassem e não se deixassem mais. Aliás, como
diria o poeta: “E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas
pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”