quinta-feira, 16 de março de 2017

Uma vida de comercial de margarina

Ao som de Mar aberto, Se fosse tão fácil

Quando estivermos juntos, vamos falar de coisas boas...

Falar do sol que se escondeu cedo, e que me permitiu andar bem mais devagar hoje. Falar da chuva que caiu e deixou tudo mais colorido após seu termino. Falar do vento frio que sopra e parece trazer mais esperança para o meu coração. Falar das lembranças que vêm em minha mente incessantemente, totalmente teimosas, mas que são tão boas, que prefiro sempre tê-las, pois elas me fazem rir como uma boba e me fazem assim tranquilamente feliz... E vamos falar da saudade que sinto, quando fico muito tempo sem noticias tuas, que de forma alguma é ruim... Porque lembrar de ti é um tempo bem gasto.Vamos falar do nosso próximo encontro, e daquele abraço apertado que você vai me dar e falar do beijo que vou receber... E de mais um ou dois ou três, ou quantos mais abraços resolvermos trocar. Vamos falar do que vamos falar quando estivermos juntos novamente e falar de todas as risadas que com certeza daremos, por que sempre as damos quando estamos juntos. Vamos falar de cada momento, cada segundo único, cada minuto absolutamente interessante que tivemos e falar detalhadamente de cada sensação que ocorreu enquanto estávamos separados... Vamos falar de tudo, de mim, de você e de outros que sempre falamos e dos quais sempre rimos. Rimos delas, de nós, do que for, por que não importa o assunto, importa mesmo estarmos juntos. E vamos falar dos sorvetes que vamos tomar, e dos bolos que ainda vamos comer, e mais uma vez das risadas que vamos dar, por que você deve saber melhor do que eu, o quanto isso é inevitável.
Vamos falar do futuro, do mundo, das expectativas, das ânsias e dos medos, falar das vontades, dos desejos, das vantagens e dos sossegos que um dia iremos desfrutar. Vamos falar de tudo, de amor, de amigos, de família, de dinheiro, de condições físicas e mentais. Vamos falar das músicas que ouvirmos, dos filmes que assistirmos, das notícias que lermos em algum lugar. Vamos falar de tudo que quisermos falar e até do que não quisermos mais... Mas vamos falar de tudo de bom que pudermos falar...
E vamos falar de daqui a cinco anos, ou daqui a dez... Ou cinquenta, não importa... Por que independente de quanto tempo passar, simplesmente o que importa de tudo o mais, é que a gente estará lá pra poder falar das coisas boas que tivermos pra falar!

segunda-feira, 13 de março de 2017

A paz que ela quer...



Ao som de Melim

 "Hoje ela só quer paz..."

Ela tem um jeito muito particular, único. Risonha, sonhadora, dona de tantas histórias que, por vezes, eu poderia jurar que viveu seis vidas em pouco mais que vinte anos. Ela tem brilho nos olhos, sua fala é acelerada,  com passos firmes. Nenhuma descrição será tão fiel quanto o encantamento que ela desperta quando permite que você se aproxime dela. Conselheira, boa ouvinte, confidente. Consultora para assuntos diversos. Quase psicóloga. Quase nutricionista. Cem por cento ela. Dela. Não se permite voltar aos passos errados. Seu GPS aponta um caminho difícil, mas está certa de que a felicidade não está na dúvida. Em sua estrada não existe meio termo. Nada morno lhe atraí. É frio ou quente, preto ou branco, paixão ou indiferença. Não se iluda com sua aparente simplicidade.
Seu jeitinho delicado, sua meiguice combinando tão bem com sua baixa estatura iludem qualquer um. Ela tem um toque de vulcão em plena erupção. Sustenta seus sonhos com a mesma força e a delicadeza que uma bailarina em meia ponta. Hoje fui braços, abraços e afago, mas já recebi inúmeras vezes o colo que hoje ofereci. Amanhã será um novo dia. Ela irá novamente andar com sua alegria escancarada, seus passos hipnóticos e dirá mais uma vez, que a tristeza não será sua companheira.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Quando a violência doméstica é com você



Cerca de 80% do conteúdo do blog é sobre histórias que observo, finais que reescrevo ou um olhar romanceado sobre os desamores que me cercam. Mas hoje o conteúdo será sobre mim, sobre minha vida familiar, sobre aquilo que me sempre me doeu demais. [Importante: existem gatilhos sobre violência e abuso neste texto. Se você sofre de depressão, síndrome do pânico ou algum tipo de transtorno, não leia.]


Em 1974 uma adolescente vinda do interior de Minas Gerais, foi forçada a se casar aos dezesseis anos. Sua mãe achava que já estava na hora dela ter um marido, e a casou com um paraibano oito anos mais velho que ela. Sem namoro, sem paixão, eles estavam se casando com a obrigação de ser um do outro até a que a morte os separasse. Esse casal eram meus pais. Não havia amor. Não havia consideração. Não havia respeito.

Por diversas vezes meu pai espancou minha mãe. Tentou matá-la. Traiu. Humilhou. Subjugou. Fez com que ela perdesse um casal de gêmeos. Por ciúmes, ele a obrigou a extrair os dentes, para que ela jamais sorrisse para outro homem. Ela tentou fugir. Tentou sair daquele inferno, mas não encontrou apoio em sua família. Sua mãe não a socorreu. Não deu abrigo, apoio. Infelizmente, minha avó era tão machista quanto meu pai e achava que aquela certidão de casamento conferia posse.

Minha mãe sustentou seu casamento por 27 anos. Viu minha irmã sair de casa antes de completar a maioridade, apenas para deixar de sofrer com as mãos pesadas do meu pai. Sim, ele espancava minha irmã também. Não importava o motivo, se ela estivesse usando batom vermelho (para ele era coisa de puta), ou se o fogão não estivesse limpo como ele gostava, minha irmã também era alvo das ofensas e agressões. Minha mãe esteve ao lado do meu pai por tanto tempo, que viu seus sonhos sendo consumidos pela areia do tempo. Foram muitos anos de traições, violência, abusos físicos e emocionais. Eu vi minha mãe perder o brilho nos olhos ao longo dos anos.

Durante o processo de divorcio, (que aconteceu em 2001), vimos outra face do meu pai. Ele denegriu a minha imagem e a de minha mãe na comunidade que vivíamos. Fomos taxadas como piranhas, vagabundas, imprestáveis. Por eu ter ficado ao lado da minha mãe durante a separação, ele se achou no direito de me difamar. Vivemos tempos difíceis, de muita vergonha, de muita humilhação e piadinhas. Eu tinha apenas 16 anos, a idade em que minha mãe foi obrigada a se casar, quando descobri que a sociedade é tão machista e cruel quanto aquele homem que estava com o orgulho tão ferido, que se achou no direito de nos humilhar publicamente.

Infelizmente minha mãe jamais conseguiu enxergar seu valor, perceber a mulher incrível que ela sempre foi. Você pode não conhecê-la, mas saiba, ela é bonita. Corpo mignon, sempre bem arrumada, de riso fácil e muito discreta. Infelizmente ela não permite que nenhum homem se aproxime dela. Não teve coragem de namorar e nem mesmo aceita que esse assunto seja debatido. Traumas, medos, dores que eu vejo em seus olhos, mesmo quando ela sorri. Meu pai continua o mesmo. Tenta reatar o casamento a todo custo, sob o pretexto de que agora "velho", pode cuidar da minha mãe (!!!!) e também receber o cuidado dela. Ele já demonstrou inúmeras vezes que permanece o mesmo. Ainda fala como se tivesse direitos sobre ela.

Nesta história existem detalhes muito particulares, os quais eu não tenho permissão para falar, mas se hoje existe alguma certeza em mim, é que a Lei do Retorno jamais falha, e tudo quanto ele plantou, ele está colhendo hoje.

O dia internacional das mulheres sempre me faz refletir sobre minha mãe. Sobre como a violência familiar e o machismo podem destruir seus sonhos, ferir sua alma e adoecer o seu corpo. Minha reflexão sobre este dia é que precisamos lutar para que outros Zés não apaguem mais o brilho nos olhos de nenhuma mulher. Meu pai deixou marcas profundas em minha família. Ele minou sonhos, destruiu fantasias, alegrias e mostrou o lado cruel de um homem. Lamento por ela ter ficado tão cética, dura e amargurada por conta do que passou, mas como julgá-la?

Ah, se você quiser comentar sobre este texto, me faz um favor? Deixe um carinho em forma de palavras para Dona Rita. Ainda tenho fé de que um dia histórias assim serão contadas como algo distante, e não como parte algo que nos cerca diariamente.




terça-feira, 7 de março de 2017

Antes de amar novamente, leia a bula



Ao som de Breathe me, Sia


Você não merece migalhas de um amor inventado, nem o engano de uma canção dedilhada no fim da tarde. Se o dia está difícil, merece o conforto de uma voz doce. Se os conflitos da vida adulta lhe perturbam, encontre a paz no sorriso de quem ama. Abandone os enganos, não existe ninguém ocupado demais para oferecer amor. O amor real e construído exige menos: menos cobranças, ausências, justificativas que nada justificam. Ele precisa apenas de pessoas dispostas, e isso, infelizmente, parece cada vez mais raro. Por ser raro, o amor é caro. Caro demais para você gastar numa tarde de verão. 
Você é apenas uma menina, seus vinte anos lhe reservam grandes alegrias e muito amor, mas antes de amar novamente, por favor, leia a bula. E, parafraseando o poeta: “não seja tola, não falta amor. Falta amar.”

Sobre influência e relevância

Ao som de King of my heart , Bethel Music. Quando me propus a trabalhar novamente com comunicação sabia que estava retornando para uma área ...