segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Recomeçar | Esperança



 
Talvez eu tenha muito a dizer, mas o medo me permite apenas observar a tempestade que se anuncia. Não há nada inédito ou extraordinário no que está acontecendo. São apenas pés errantes dançando, perdendo o equilíbrio entre músicas, sonhos e saudades.

 Ao som de Djavan, Se acontecer



Inês havia se acostumado ao peso das angústias e frustrações. Já não sorria mais com a alma, nem dançava quando sua canção favorita tocava. Perdeu a vontade de mostrar sua voz. Não havia mais melodia em sua fala. Estava esquecida entre o som do despertador e o boa noite do noticiário. Não escrevia cartas, nem cuidava de suas magnólias. Sua cor de fogo, que antes incendiava todos a sua volta, estava repleta de cinzas que traduziam a alma de Inês. Ela, que sempre fora uma mulher tão repleta de sons, sorrisos e amor, havia se tornado alguém habitado por saudades e incertezas. Quando Henrique chegou ela não sorriu. Não mergulhou no verde de seus olhos buscando novamente ter esperança. O doce sabor de seus lábios não quis provar, nem mesmo aceitou o toque de seus dedos em seus cabelos. Fugiu daquilo que se escondia atrás de cada sorriso dele. O que havia por atrás de cada ligação, abraço ou comentário sobre Djavan era o que lhe apavorava. Inês já havia pertencido a alguém que não soube ser dela, já conhecia os caminhos até a paixão.  Henrique descobriu no olhar de Inês que o amor nem sempre chega na hora certa para os dois. A dor que ela sentia não o afastava, mas fazia buscar ser cura, ser tempo, afago que o coração dela tanto precisava...




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