Pular para o conteúdo principal

Sobre amor, ciúmes e violência.

Quando conheci a Érica nós duas estávamos noivas. Eu tinha 20 anos e estava de casamento marcado, ela tinha 28 e sem saber ao certo se iria subir ao altar ou não. Motivo? Ciúme exacerbado do rapaz. Aliás, bondade minha chamá-lo assim, pois ele era um brucutu. Se ela saísse da aula às 10:50h, 11h  já tinha que ter ligado avisando que saiu da aula e iria trabalhar. Se por acaso atrasasse 5 minutos, era motivo para uma ligação tensa e desagradável.
No início da semana fui garantir os últimos chocolates inteiros das lojas Americanas e nos encontramos sem querer. Ela se casou com o brucutu. Passou por momentos terríveis ao lado dele, entre cenas de ciúme na porta do trabalho e agressões físicas dentro de casa, foram 3 anos.  Daí eu me pergunto gente amiga deste blog: por que casou se sabia que o cara era possessivo? Ele não era apenas ciumento, ele queria ter domínio de tudo o que fazia parte da rotina dela. Imaginava casos, queria proibi-la de manter certas amizades (mesmo com mulheres), enlouquecia só de pensar nela num ônibus cheio, tendo “contato” com outros homens. Todo mundo avisava a tragédia que se desenhava, mas adiantou? Não, ela casou e disse que pensava ser possível mudá-lo depois do casamento (ah ta, domingo o coelhinho da Páscoa virá me trazer uma cesta de chocolates,  rs*) .
Sempre achei muito tênue a linha que separa a possessividade da violência. Crimes passionais são cometidos todos os dias por pessoas doentes de ciúme, possessivas. Talvez por ter crescido num ambiente familiar muito prejudicado pelo comportamento doentio do meu pai eu tenha verdadeiro pavor de pessoas possessivas. Sei que o possessivo é frio, cruel, não tem limites e é capaz de atrocidades em nome do que ele julga ser amor. Somente alguém possessivo, alguém que se ache dono do outro, é capaz de espancar a pessoa que diz amar.
Érica está separada a quase 1 ano e diz que tem medo de arrumar outra pessoa. Ela não me contou como conseguiu libertar-se dele, mas tenho certeza que ela se arrepende de não ter dado ouvido a tantas pessoas que lhe aconselharam antes do casamento. Não quero com isso dizer que todo ciumento é violento, não é isso, mas todo comportamento obsessivo, excessivo e que desconhece limites pode gerar grandes feridas, tanto no corpo quanto na alma. Algumas são tão graves que nem o tempo consegue curar, apenas ameniza as dores.
Conversei com uma amiga terapeuta familiar e ela me informou que na psicologia pessoas com comportamento possessivo são consideradas portadoras do ciúme patológico, e isso tem cura. (aliás, tanto a vítima quanto o portador da doença ‘ciúme’ precisam de tratamento, a cura chegará para os dois).
Enfim, ciúme, obsessão, possessividade tem tudo a ver com declaração de posse concedida pela prefeitura, IPTU e contas a pagar, não com um sentimento, ainda mais se estivermos falando de amor. “O amor não arde em ciúmes” (1ª Coríntios 13.4), ele liberta, confia, espera o melhor daquele a quem ama, até porque amar é bem diferente de possuir.
Beijos e bom feriadão a todos!

Comentários

  1. Triste história, já podia ser prevista.Mas ainda bem que ela se livrou dele! beijos,Feliz Páscoa!chica

    ResponderExcluir
  2. Oi, Ana! Sabia que amo te ler? Amo mesmo! Rss...
    Obrigada por me enviar as atualizações!
    Grande beijo e fique com Deus amiga!
    Paz!
    Feliz Páscoa com JESUS ressurreto no coração.
    Pastora Wal

    ResponderExcluir
  3. Oi, Ana! Estava eu quase dormindo no escritório, qdo me bateu a lembrança do seu blog. Imediatamente fui procurá-lo e me vi viajando nas suas palavras.Que coisas boas que escreve,heim! Fico feliz e ao mesmo tempo lisonjeada por te-la como minha AMIGA ESTÚPIDA FAVORITA. TE AMODORO MUITOOOOOOOOOOOOOOO. SAUDADES DE TI. BJS NO CORAÇÃO.

    ResponderExcluir
  4. Oi Ana!Muito bom esse seu texto sbre ciúme possessivo.Pena sua amiga ter se machucado tanto.O amor pode ter um certo cíume como tempero,mas tm que ser mínimo,não exagerado.
    Tb tenho um blog chmado Delírio Suburbano.Lá há crônicas,poemas livres,cuktura pop e outras coisinhas.Se puder,dê uma espiada.Abração é força sempre amiga blogueira.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Salomão ou Tio Patinhas?

Numa conversa informal e muito agradável sexta-feira pela manhã pude aprender um pouco da história de pessoas queridas que venceram na vida. Pessoas que não nasceram em lar abastado, que não ganharam na loteria nem fizeram um casamento por interesse, mas que batalharam muito para conquistar estabilidade financeira. Comum a todos os exemplos de superação, estava o compromisso que assumiram com Cristo, além de, muito trabalho e renúncias. Em tempos quem os conceitos do Tio Patinhas ( dinheiro, dinheiro, dinheiro! ) são mais valorizados que a Palavra de Deus, fiquei feliz em ouvir que pessoas normais, pessoas como eu e você meu querido leitor, conseguiram conquistar posições inimagináveis sem fazer barganha com Deus, ou lhe apontar o dedo dizendo que “mereciam” ganhar isso ou aquilo. Um homem próspero, rico e sábio que não fez barganha com Deus foi Salomão. Na época em que viveu ficou conhecido em todo mundo graças à sabedoria que lhe foi dada por Deus. O que quase ninguém ob...

Sobre influência e relevância

Ao som de King of my heart , Bethel Music. Quando me propus a trabalhar novamente com comunicação sabia que estava retornando para uma área concorrida, mas onde me sinto completamente realizada. Não é apenas sobre criar conteúdo vendável para os meus clientes ou fazer a gerência de seus números nas redes sociais, trata-se de descobrir a relevância daquilo que está sendo ofertado, seja uma ideia, produto ou serviço.   Por vezes a questão da influência será superestimada para quem trabalha com mídias sociais. Aprendemos a interpretar métricas, analisar comportamentos e traçar perfis com base naquilo que é exposto, publicado. Para quem decide viver o Reino a questão precisa ser analisada de forma mais ampla. Não dá para ser apenas influente, é preciso ser relevante.     Nos últimos dias vimos uma verdadeira enxurrada de conteúdo sobre o  ClubHouse  (um aplicativo exclusivo para  iOs , onde as pessoas se comunicam exclusivamente através de áudios). O Douglas Va...

Depedência divina e nossa necessidade de controlar tudo

Você pode ler ao som de 17 dejaneiro – Os Arrais Fui criada para ser independente. Nunca depender de ninguém, ser autossuficiente, capaz de resolver todo e qualquer perrengue. Por conta disso, reconhecer que preciso de ajuda sempre foi (e ainda é), bastante complicado. Há meses eu venho sofrendo dores terríveis, sem jamais conseguir pedir socorro. Perdi meu chão, tudo o que eu considerava concreto, simplesmente ruiu. Achava que em algum momento eu conseguiria me reerguer sem precisar admitir fragilidade, pedir ajuda. Fiz o caminho inverso de quem precisa de cura: ao invés de buscar socorro, segurava as minhas feridas com as mãos e escondia o que estava me matando com qualquer coisa que pudesse anestesiar o que estava sentindo. . Essa dor durou mais do que eu poderia imaginar. Aprendi que ela não vai embora até que você seja capaz de olhá-la de frente, até que entenda o que está causando a ferida. Não é qualquer olhar. É o olhar direcionado e acompanhado por Aquele que...