Pular para o conteúdo principal

Sobre permissividade e tragédias

Esta semana o mundo que conhecemos está em depressão por conta dos mortos que contabilizamos a cada hora. A região serrana aqui do Rio virou motivo de nossas orações e foco de todos os veículos de mídia existente. Infelizmente, o número oficial de mortos é bem menor do que o número real. Quem conhece ou mora na região, sabe que o número REAL é, seguramente, muito maior.
Ouvimos políticos prometerem apoio às famílias e decretarem luto oficial aqui ou acolá. Encaramos os olhares perplexos de anônimos diante das bancas de jornal. Todos a nossa volta experimentam certo grau de comoção. Vemos a solidariedade de muitos tentando diminuir a dor de milhares. Lugares que antes possuíam CEP e flores na janela, hoje estão cobertas de lama e sinalizam o ponto final de muitas vidas.
Lamentavelmente esta não foi a primeira vez que enterramos nossos irmãos por ignorar o que era óbvio. Sim, óbvio e prenunciado. Em 2008 o nosso Excelentíssimo Sr. Governador Sérgio Cabral foi alertado sobre a possibilidade de grande desastre nestas áreas. O mesmo governador declarou essa semana que "a hora é de arregaçar as mangas e ajudar a essas famílias. É máquina, bombeiros trabalhando. Sempre tem a hora de fazer avaliação. Tem que se fazer uma autocrítica, por que se permitiu fazer tudo isso. Mas agora é resgatar corpos e ajudar famílias desabrigadas. Não vamos perder tempo nesse momento.” Conveniente demais, não?  O Sec. de Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que realmente o relatório foi feito, mas faltou "apenas" retirar os moradores das áreas de risco. Mas por que retirá-los, Sr. Secretário? Se eles estão em áreas de risco é porque querem, gostam de brincar de ‘será que hoje a casa cai ou não cai?' não é?
Foi impossível conter as lágrimas ao ver um velório coletivo acontecendo num galpão de Friburgo, enquanto covas eram abertas às pressas. A população comum se comove, sensibiliza, doa tudo o que tem e não discute o que poderia ter sido feito. O pior é saber que se nos calarmos, se apenas tamparmos o buraco da necessidade e não debatermos seriamente a ocupação em áreas de risco, mais enterros coletivos voltarão a acontecer daqui alguns meses.
 Não podemos parar a ação da natureza, mas podemos rever políticas públicas. Basta de tanta permissividade! Chega de políticos como Cabral e Minc ignorarem completamente a responsabilidade que possuem sobre vidas alheias.  As doações arrecadadas irão ajudar pessoas que hoje estão precisando de suprimentos emergenciais, mas cobrar deles uma legislação séria, eficaz e imediata sobre ocupações desordenadas, evitará que tragédias como esta voltem a acontecer.
____________________________________
Citação do governador retirada de Exame.com ; Mais informações sobre relatório entregue ao Sec. de Meio Ambiente (Carlos Minc) disponível no Blog do Reinaldo Loureiro ; Imagens Yahoo Notícias.

Comentários

  1. Concordo plenamente com o que você diz; é muito fácil ir para a frente das câmeras e prestar depoimentos dizendo que o Rio e o Governo estão a disposição das famílias que perderam tudo, principalmente seu entes queridos, mais fazer alguma coisa de verdade é bem mais complicado. Ouve-se rumores de que o Governo do estado fez uma doação de mais de 50 milhões para a fundação Roberto Marinho e para esse desastre que nos assola ele doou apenas 1 milhãos, o que se faz com 1 milhão diante de tamanha tragédia? Nada? 1 milhão é o que apenas um bairro ou quem sabe uma cidade vai usar para se reerguer...deixo aqui minha indignação diante de tanta impunidade.... :(

    ResponderExcluir
  2. Uma situação muito critica ...
    A parte que mais me doi, é ver aquelas crianças órfãns, que viram seus pais morrerem, e não poderam fazer nada, ou melhor ninguem pode fazer nada.
    Pelo visto nem todos se comovem com esses acontecimentos, infelismente. Ai que podemos ver o grau de solidariedade do ser humano, quando acontece uma tragédia como está.

    ResponderExcluir
  3. Realmente amiga, uma situacao lamentavel. Como sempre , agora vem os politicos, e colocam a disposicao, para ajudar as familias, ginasios, para abriga-los, e fiquei sabendo que terao uma ajudara moradia de 300,00 , nao sei se e verdade ou nao, mas aluga-se o que com 300,00??? E a dor de se perder um familiar? um amigo? Esta nao tem dinheiro que pague. Porque nao se arruma uma area mauis segura, mais tranquila, e se faz moradias, simples, para acomodar os que ja perderam tanto com esta trajedia? E que sejam doadas para estas pessoas. Nao adianta financiar em inumeras parcelas, eles nao terao como pagar. Fiquei assustado com o governo que sensibilizado com a situacao, ira abrir credito para emprestimos aos produtores que perderam tudo. Mas irao pagar como, se perderam tudo e terao que comecar do zero? Um ab raco amiga, boa semana.
    Eduardo
    doni.amp@hotmail.com

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Salomão ou Tio Patinhas?

Numa conversa informal e muito agradável sexta-feira pela manhã pude aprender um pouco da história de pessoas queridas que venceram na vida. Pessoas que não nasceram em lar abastado, que não ganharam na loteria nem fizeram um casamento por interesse, mas que batalharam muito para conquistar estabilidade financeira. Comum a todos os exemplos de superação, estava o compromisso que assumiram com Cristo, além de, muito trabalho e renúncias. Em tempos quem os conceitos do Tio Patinhas ( dinheiro, dinheiro, dinheiro! ) são mais valorizados que a Palavra de Deus, fiquei feliz em ouvir que pessoas normais, pessoas como eu e você meu querido leitor, conseguiram conquistar posições inimagináveis sem fazer barganha com Deus, ou lhe apontar o dedo dizendo que “mereciam” ganhar isso ou aquilo. Um homem próspero, rico e sábio que não fez barganha com Deus foi Salomão. Na época em que viveu ficou conhecido em todo mundo graças à sabedoria que lhe foi dada por Deus. O que quase ninguém ob...

Sobre influência e relevância

Ao som de King of my heart , Bethel Music. Quando me propus a trabalhar novamente com comunicação sabia que estava retornando para uma área concorrida, mas onde me sinto completamente realizada. Não é apenas sobre criar conteúdo vendável para os meus clientes ou fazer a gerência de seus números nas redes sociais, trata-se de descobrir a relevância daquilo que está sendo ofertado, seja uma ideia, produto ou serviço.   Por vezes a questão da influência será superestimada para quem trabalha com mídias sociais. Aprendemos a interpretar métricas, analisar comportamentos e traçar perfis com base naquilo que é exposto, publicado. Para quem decide viver o Reino a questão precisa ser analisada de forma mais ampla. Não dá para ser apenas influente, é preciso ser relevante.     Nos últimos dias vimos uma verdadeira enxurrada de conteúdo sobre o  ClubHouse  (um aplicativo exclusivo para  iOs , onde as pessoas se comunicam exclusivamente através de áudios). O Douglas Va...

Sobre quem somos, mudanças e aquilo que nos tornaremos

Leia ao som de Who you are Então é assim, estou de mudança....Mudando de ares, de pensamentos, de atitudes, de pessoas, de sentimentos, de tudo aquilo que me prendia e me impedia de ser quem eu realmente PRECISO ser. Pois bem, chega de aceitar tudo o que falam sobre mim como se fosse verdade; eu já sei a verdade sobre mim e não quero saber se concordam ou não. (Opiniões alheias não irão me travar, de agora em diante elogios e críticas já não importam mais). Chega de abaixar a cabeça para certos valores e dogmas, não é por aí que se conquista a salvação. Basta de tanta hipocrisia! Será que ninguém vê que o  egocentrismo é autodestrutivo? Está na hora de pensar mais nos outros, de amar verdadeiramente ao próximo. Chega de ouvir tanta asneira e só balançar a cabeça em discordância ... tá na hora de balançar a sociedade e não me calar mais diante de tanta mentira ...Olhar pro futuro não é só planejar a compra da casa própria, juntar dinheiro pra uma viagem ou a faculd...