sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobre permissividade e tragédias

Esta semana o mundo que conhecemos está em depressão por conta dos mortos que contabilizamos a cada hora. A região serrana aqui do Rio virou motivo de nossas orações e foco de todos os veículos de mídia existente. Infelizmente, o número oficial de mortos é bem menor do que o número real. Quem conhece ou mora na região, sabe que o número REAL é, seguramente, muito maior.
Ouvimos políticos prometerem apoio às famílias e decretarem luto oficial aqui ou acolá. Encaramos os olhares perplexos de anônimos diante das bancas de jornal. Todos a nossa volta experimentam certo grau de comoção. Vemos a solidariedade de muitos tentando diminuir a dor de milhares. Lugares que antes possuíam CEP e flores na janela, hoje estão cobertas de lama e sinalizam o ponto final de muitas vidas.
Lamentavelmente esta não foi a primeira vez que enterramos nossos irmãos por ignorar o que era óbvio. Sim, óbvio e prenunciado. Em 2008 o nosso Excelentíssimo Sr. Governador Sérgio Cabral foi alertado sobre a possibilidade de grande desastre nestas áreas. O mesmo governador declarou essa semana que "a hora é de arregaçar as mangas e ajudar a essas famílias. É máquina, bombeiros trabalhando. Sempre tem a hora de fazer avaliação. Tem que se fazer uma autocrítica, por que se permitiu fazer tudo isso. Mas agora é resgatar corpos e ajudar famílias desabrigadas. Não vamos perder tempo nesse momento.” Conveniente demais, não?  O Sec. de Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que realmente o relatório foi feito, mas faltou "apenas" retirar os moradores das áreas de risco. Mas por que retirá-los, Sr. Secretário? Se eles estão em áreas de risco é porque querem, gostam de brincar de ‘será que hoje a casa cai ou não cai?' não é?
Foi impossível conter as lágrimas ao ver um velório coletivo acontecendo num galpão de Friburgo, enquanto covas eram abertas às pressas. A população comum se comove, sensibiliza, doa tudo o que tem e não discute o que poderia ter sido feito. O pior é saber que se nos calarmos, se apenas tamparmos o buraco da necessidade e não debatermos seriamente a ocupação em áreas de risco, mais enterros coletivos voltarão a acontecer daqui alguns meses.
 Não podemos parar a ação da natureza, mas podemos rever políticas públicas. Basta de tanta permissividade! Chega de políticos como Cabral e Minc ignorarem completamente a responsabilidade que possuem sobre vidas alheias.  As doações arrecadadas irão ajudar pessoas que hoje estão precisando de suprimentos emergenciais, mas cobrar deles uma legislação séria, eficaz e imediata sobre ocupações desordenadas, evitará que tragédias como esta voltem a acontecer.
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Citação do governador retirada de Exame.com ; Mais informações sobre relatório entregue ao Sec. de Meio Ambiente (Carlos Minc) disponível no Blog do Reinaldo Loureiro ; Imagens Yahoo Notícias.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente com o que você diz; é muito fácil ir para a frente das câmeras e prestar depoimentos dizendo que o Rio e o Governo estão a disposição das famílias que perderam tudo, principalmente seu entes queridos, mais fazer alguma coisa de verdade é bem mais complicado. Ouve-se rumores de que o Governo do estado fez uma doação de mais de 50 milhões para a fundação Roberto Marinho e para esse desastre que nos assola ele doou apenas 1 milhãos, o que se faz com 1 milhão diante de tamanha tragédia? Nada? 1 milhão é o que apenas um bairro ou quem sabe uma cidade vai usar para se reerguer...deixo aqui minha indignação diante de tanta impunidade.... :(

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  2. Uma situação muito critica ...
    A parte que mais me doi, é ver aquelas crianças órfãns, que viram seus pais morrerem, e não poderam fazer nada, ou melhor ninguem pode fazer nada.
    Pelo visto nem todos se comovem com esses acontecimentos, infelismente. Ai que podemos ver o grau de solidariedade do ser humano, quando acontece uma tragédia como está.

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  3. Realmente amiga, uma situacao lamentavel. Como sempre , agora vem os politicos, e colocam a disposicao, para ajudar as familias, ginasios, para abriga-los, e fiquei sabendo que terao uma ajudara moradia de 300,00 , nao sei se e verdade ou nao, mas aluga-se o que com 300,00??? E a dor de se perder um familiar? um amigo? Esta nao tem dinheiro que pague. Porque nao se arruma uma area mauis segura, mais tranquila, e se faz moradias, simples, para acomodar os que ja perderam tanto com esta trajedia? E que sejam doadas para estas pessoas. Nao adianta financiar em inumeras parcelas, eles nao terao como pagar. Fiquei assustado com o governo que sensibilizado com a situacao, ira abrir credito para emprestimos aos produtores que perderam tudo. Mas irao pagar como, se perderam tudo e terao que comecar do zero? Um ab raco amiga, boa semana.
    Eduardo
    doni.amp@hotmail.com

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