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Sobre mulheres que levantam umas as outras



Leia ao som de Aretha Franklin, Respect 


Por mais que eu seja do tipo de gente que fala até com os bichos, eu prezo pela observação. Acho que é esse meu lado “humanas” que me faz tão interessada no comportamento e nas pessoas (mesmo quando eu quero distancia delas). Tenho observado um número absurdo de mulheres-pombo (o pombo sabe voar, mas se alimenta de migalhas no chão). São mulheres que depois de inúmeras decepções, passaram a acreditar que são inferiores a seus companheiros, não são dignas de amor, de admiração. A autoestima de algumas foi totalmente destruída porque “desgraçaram” a mente delas.

Conheço um mulherão (no sentido estético e intelectual) que se vê presa a um embuste (palavra que virou modinha, mas é a única que posso usar no momento), porque acredita que esse é o único relacionamento possível. Que vontade de gritar: VOCÊ MERECE UM RELACIONAMENTO MELHOR! Na verdade, eu já gritei, desenhei, fiz cartaz e anúncio no YouTube, mas ela ainda não está pronta para essa verdade.
Talvez eu seja assim por ter sido criada num ambiente hostil, onde vi minha mãe definhar sofrendo com meu pai, ou por ter um lado feminista que insiste em florescer, mas não me conformo em ver como um homem pode ser capaz de mutilar uma mulher desta maneira. Não se trata de violência física, mas emocional. O cara simplesmente manipula a relação de forma a mulher acreditar que ela não merece ser respeitada, amada de verdade e faz tudo de maneira sutil, desgraçando aos poucos a segurança e a saúde mental da parceira.

Ontem, numa conversa muito franca com o Mulherão que citei acima, apontei que a responsabilidade num relacionamento é dos dois, e a dela está no fato de aceitar uma relação que a faz infeliz. O embuste não vai deixá-la, não vai cortar laços, vai sempre encontrar um meio de mantê-la ligada de alguma forma, como se precisasse dele para sempre, criando uma espécie de codependência. Não importa de quem foi o erro, não importa se ele falhou no passado ou foi ela, o mal que ele representa é atual, presente e agora a responsabilidade de se livrar disto, é unicamente dela.

Queria ter uma caixinha milagrosa com pílulas em que as mulheres pudessem tomar e enxergar seu potencial, sua forma única de alcançar os outros e resgatar sua autoestima, mas eu só tenho palavras. Só posso partilhar daquilo que vejo e acredito, e jamais deixarei que alguém próximo a mim viva infeliz sem saber que há um caminho para a mudança e o resgate da saúde mental e equilíbrio. Meus braços, ouvidos e português limitado sempre estarão à disposição para levantar outras mulheres, porque um dia já fui levantada, quero poder mostrar que nesta estrada nós não estamos sozinhas, nós vamos juntas!

Comentários

  1. Querida Ana em construção... hoje já muito bem construída e firmada na rocha. Como sempre, venho buscando respostas para perguntas que se repetem (mudando somente o endereço). E, parece, recebo a resposta da minha aflição... mas é a coragem de largar o enbusteiro? E a quantidade absurda de lágrimas que essa entrega pode gerar... melhor seria chorar no sertão nordestino ... chego a conclusão que ... sei lá ... não chego a concluir nada ... mas o texto falou ao meu dilacerado coração... Bjs Dra.

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  2. Minha querida! Que texto forte e verdadeiro! Mas a única coisa que você e qualquer pessoa pode fazer é escrever. Falar para tantas “mulherões” que existem nessa situação, às vezes, é falar ao vento... sim temos que nos munir de muito amor para empiderá-las a dar um basta nessa situação. E aproveito para responder para a Rosinei Ribas: quando a mulher se sente empoderada, recupera seu amir próprio, sua auto-estima se eleva e ela consegue enxergar que “ela já vive num vale de lágrimas “... livrar-se de uma doença disfarçada e confundida com AMOR, será sua libertação para a busca de um amor verdadeiro.

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  3. Ninguém enlouquece ninguém. Nós que permitimos que qualquer um nos enloqueça. Mas não é tão simples. Descortinar é algo que depende daquele que "sofre" e que se permite mudar.

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