Talvez eu tenha muito a dizer, mas o medo me permite apenas observar a tempestade que se anuncia. Não há nada inédito ou extraordinário no que está acontecendo. São apenas pés errantes dançando, perdendo o equilíbrio entre músicas, sonhos e saudades. Ao som de Djavan, Se acontecer Inês havia se acostumado ao peso das angústias e frustrações. Já não sorria mais com a alma, nem dançava quando sua canção favorita tocava. Perdeu a vontade de mostrar sua voz. Não havia mais melodia em sua fala. Estava esquecida entre o som do despertador e o boa noite do noticiário. Não escrevia cartas, nem cuidava de suas magnólias. Sua cor de fogo, que antes incendiava todos a sua volta, estava repleta de cinzas que traduziam a alma de Inês . Ela, que sempre fora uma mulher tão repleta de sons, sorrisos e amor, havia se tornado alguém habitado por saudades e incertezas. Quando Henrique chegou ela não sorriu. Não mergulhou no verde de seus olhos buscando novamente ter e...
Blog da Ana Lúcia