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Um milhão de memórias

“Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo”
Renato Russo


Ontem pela manhã fui procurar anotações de uma palestra sobre Direito Penal para mostrar a um amigo. As anotações são de dezembro de 2005, eu sabia da existência delas, mas precisaria de um GPS para encontrá-las. Como era de se esperar, não encontrei, mas achei o passaporte para uma época que me marcou muito - o bilhete de novembro de 2003, escrito por uma amiga que me ensinou muito sobre a vida. Fiquei ali, parada, quase sem respirar. Por alguns minutos eu apenas viajei no tempo e relembrei as manhãs com muito café, sono e algum conhecimento jurídico. Das aulas em círculo com a professora de sociologia, da argentina que era tão viciada em cafeína quanto nós, dos trabalhos com “estrutura” e a teoria Big Mac.





Um milhão de memórias depois, a saudade me invadiu e deu vontade de pegar o telefone e saber o que a vida fez de cada um. Caminhos que se cruzaram, pessoas que partilharam mais do que horas de estudo, transformaram histórias. Estilhaços de escolhas, estradas que mudaram nossos rumos, e talvez dois ou três apenas tenham real consciência disso. O que eu faço com essa saudade? Não dá pra simplesmente embalar a vácuo, e guardar num cantinho da memória. Escrevo. Com palavras bem simples e que não fazem jus a tudo vivemos, escrevo para registrar que testemunhamos e que aprendemos bem mais que normas jurídicas - aprendemos sobre verdadeiramente fazer parte da vida de alguém.

Comentários

  1. Lindo post, Ana! Fiquei emocionada em ler...
    bjs

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  2. Que delícia saber que deixamos saudades e marcamos pessoas que também foram importantes e , apesar da distancia são muito queridas e presentes em nosso corações! Bjs Marilia

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