sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Estratigrafia

“Saudades do que nunca fui, saudades do que nunca vivi. De estradas em que nunca caminhei. Mas sonhei, mesmo dormindo acordado, sonhei. Ainda não encontrei, talvez me encontre, talvez não. Não sei o que seria pior, encontrar e não ser o que esperava ou nunca encontrar. Se um dia nos encontrarmos e nossas mãos se entrelaçarem talvez o encanto acabe, talvez não. Seria melhor viver apenas o desejo, buscar sem nunca achar. Guardar na lembrança o sorriso,o balanço do corpo na estrada empoeirada. Meus olhos ainda te vêem, até o fim da estrada, virando lá na curva, depois da igrejinha velha. Ah lembranças, as vezes como queria apagá-la, como se fosse um quadro de escola.
As vezes acordamos com espírito arqueológico! Cavamos fundo em busca de não sei o que. E pior é que achamos. Encontramos nossos dinossauros, nosso "homem de Neandertal". Analisamos, consideramos e criamos toda sorte de hipótese para explicar o que nunca conseguimos entender. Queremos achar os culpados, teorias não faltam. Decidimos então que é melhor tapar o buraco e esconder as evidencias, para mais tarde, abri-lo de novo e repetir o gesto por vezes sem fim. Talvez lá no fundo o que esperamos é que como Lázaros eles ressuscitem, e nos dêem aquilo que a vida inteira desejamos achar. Ou quem sabe de repente alguém nos encontre lá no fundo do buraco e descubramos então que somos na verdade nós, os dinossauros de alguém.”
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Autor (Des)Conhecido

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