"Algum preço a gente tem que pagar quando resolve
fingir que a vida voltou ao normal - quando não é nada disso que está
acontecendo."
Para ela, admitir que
talvez nunca passe foi a parte
fácil. Difícil era lidar com a frustração misturada à vontade de esquecer as
palavras duras que foram ditas. Sentia saudades da profunda ligação que existiu
entre eles um dia, a mais intensa que vivera até então. Em alguns momentos
sentia vontade de ligar e perguntar se a vida estava sendo gentil com ele. Por
alguma maldição, encantamento ou mesmo bruxaria, ela o enxergava além do seu
discurso frágil e mentiroso de bom moço. Ele parecia ser o único a entender o
seu desprezo pelos batons e a relação entre tristeza e cabelos presos. Amavam a
chuva. Juntos. Hipnotizados. Era música. Ainda é. Ela era furor e ingenuidade.
Ele era um conjunto complexo e racional demais, principalmente para alguém tão
passional quanto ela.